Essa é a Peeper Faceira, última criação da artesã artista da vida, poetisa de linhas e panos, Cristina Germann, diretamente para nós.
No encosto externo, trabalho de resgate de bordado de mullheres de uma região do sul do Brasil - inspiração contínua dessa gaúcha - aos moldes de antigamente nas toalhas de mesa, de linho ou panos de pratos, engomadas. "Elas hoje não tem mais como usar, ou usam pouco , pois não é pratico e a minha proposta é dar uma nova direção a esta trabalho, que inclusive mantém as cores e técnicas daquela época", completa ela.
De um lado, no canto esquerdo superior, vê-se o bordado original, e no outro, canto esquerdo direito, um "rebordado", ou seja, o bordado com rica intervenção de Cristina. A peça contém ainda aplicação de pequenos quadrados bordados para suavizar a seriedade do ponto cheio, como quem brinca, e juntas fazer uma grande colcha de retalhos. A base da poltrona é de lona crua, lavada num fulão de couro, para deixar a lona com cara de usada, além de linho - também cru - e encosto de veludo.
Cristina se diz contadora de histórias nata, autodidata
nas artes e técnicas
manuais, entre bordados, costuras, modelagem, trico, crochê, feltragem e tudo o mais. É
designer têxtil,
designer de superfícies,
que cria a sua propria
tela, a partir de olhar e buscar o "não visto " pela maioria das pessoas de sua área, o não aproveitado, o esquecido e até o estranho aos olhos de
todos, como ela mesma se explica. "Gosto
de avesso,do
imperfeito, do interno, do individual, e embora trabalhe com técnicas
que exigem acabamento, dou valor enorme ao torto , e a falta de rigidez na expressão e na força do
trabalho, pois para mim a mão é
assim, imperfeita em algum momento.
Hand made
é para mim a melhor de todas a grifes", diz ela.
E continua: "dou
um grande valor ao trabalho de cada pessoa que conheço ou conheci no trajeto da
minha vida, e procuro
resgatar a história de cada um, através de um acervo de trabalhos que
fui coletando ao longo dos anos e que
hoje compartilho, ou através de
trabalhos de parcerias que faço com mulheres que tem o mesmo trabalho que o
meu, o trabalho manual. Cada
peça que projeto e executo é única, não
consigo fazer outra igual, e este é o diferencial do meu trabalho. Beiro a
arte. Muitas
vezes me pergunto onde me enquadro, pois faço arte que pode ser usada, ou faço
moveis com arte? a resposta fica e está no ar".
Diferenciais não faltam. Cada
cadeira, poltrona, puff,
tem um nome de batismo, nasceu de uma combinação de estrutura de
madeira e conforto, para receber um
revestimento de tecido que conversa com as pessoas. Cada
móvel
tem sua história registrada num scrap book, que acompanha a cadeira , com o
começo, meio e fim do projeto. Cada móvel leva consigo passarinhos que serão
colocados por quem os adquiriu em qualquer lugar da cadeira, costurados,
alfinetados. "É a possibilidade da interferência ou
não no
trabalho", conforme Cristina, " passarinhos
tem asas, e voam, levando meus trabalhos para novas casas. Meu
trabalho tem alma, não só
de artista, mas de gente, que quer fazer uma diferença, que quer passar um
recado, e que não
quer ser visto simplemente
pela criação do
belo, mas pelo registro dos valores familiares, pelas histórias de cada um,
pelas escolhas, e principalmente
pela possibilidade de trilhar um novo caminho."
As coleções e as peças têm nomes poéticos: Contramão do Tempo, Lembranças Afetivas, Bendita e por ai vai...mas ainda teremos muito o que falar.
Comentários